quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Poliartrite crônica evolutiva

O mundo não acabou. Há menos de um minuto senti partes minhas estalarem numa quina de alumínio. E pensei ser tudo um sinal. As escadas também estão bem gigantes. Percebo um lugar inalcançável. E cada pedaço trincado. Porque as coisas não vão bem, por mais que eu tente. De fato não é só dor de garganta, febre, sintomas. Não é sobre doenças. Não é sobre a terrível dor no ombro. Não era sobre isso que eu precisava falar. É sobre o que escorre no rosto. Passei dias sofrendo a dor de um planeta de merda. E os olhos com chá amargo, escuro e quente. Minhas unhas dos pés enormes. Meu corpo doente. Sentindo um murro, um nariz sangrando ou mesmo a perda dos dentes. O peso em cima de mim. Mais que um diagnóstico. E assim eu vou contando cada coisa. Tomando algumas pílulas. Como se isso servisse de salvação ou de remédio, além de ser cura pra febre. E eu percebo que o mundo não acabou. Mas que a cada dia. Tem tanta gente que acaba.

2 comentários:

  1. Honório está disposto à dor, à esfacelação, à se acabar, à se deteriorar. Todo homem precisa ser destruído no asfalto um dia e provar do próprio sangue. Debaixo das lesões, há uma camada nova de tecido, ainda rosáceo, que será um dia de novo vigorado pelo sol. Dói morrer, mas é necessário, prazeroso e urgente. Assumir isso já é um novo pedaço de si, é eclosão.

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