– O seu problema, sabe qual é?
– Qual?
– Não sei te explicar.
– Como assim não sabe?
– Não sei, cara. Não sei e pronto. Não sou obrigado a saber.
– E eu sou?!
– Mas é claro que é.
– Não, eu também não sou.
– É! É, sim!
– Não, não sou.
– É!
– Por quê?
– Como assim? Você ainda quer saber o porquê? Não tá na cara?
– Não.
– Como assim, cara? Tá na cara, sim. Bem na tua cara.
– Eu devo ser cego, então.
– Ou burro.
– Não, isso eu não sou.
– Inteligente é que não é.
– Se for pra ser inteligente como você, que sabe tudo sobre tudo, mas não sabe nada de nada...
– Como assim?
– Ah, você também não sabe? Então eu também não sei.
– Por que é que você tem que ser assim, hein?
– Assim como?
– Assim! Do jeito que você é.
– Deve ser porque eu sou eu.
– E eu sou eu, né?
– É. E você é você.
– É.
– E, graças a Deus, eu e você somos diferentes.
– Talvez.
– Talvez?
– Talvez, sim.
– Como assim? Não entendi.
– Você nunca entende.
– Por favor, me explica...
– Não quero.
– Você não acha que nós somos diferentes?
– Acho.
– E por que o teu “talvez”?
– Por causa do “graças a Deus”.
– E você acha que é graças a quem? Ao diabo?
– Só se ele for você.
– Eu não. Você, se for.
– Só se ele for eu ou você, porque Deus não tem nada com isso.
– A não ser que eu seja Deus.
– A não ser que você ou eu seja Deus!
– Mas você não é...
– Muito menos você. Você que não é mesmo.
– E você tá mais pra diabo.
– Eu não tô pra nada. Nem pra Virgem Maria.
– Mas pra Deus se incluiu.
– Não me incluí. Supus.
– Por quê?
– Pra dizer que ninguém tem nada a ver com o que eu ou você é.
– Ninguém?
– Só se outro alguém for eu ou você.
– Deus ou o diabo?
– Ou a Virgem Maria.
– E como é que você sabe?
– O quê?
– Que ninguém tem nada a ver com a gente?
– Eu não sei.
– Não?
– Não... Eu sinto.
– Deu pra ser sensitivo agora também?
– E você? Deu pra bancar o imbecil?
– Não. Não dei pra bancar, não.
– Porque imbecil é o que você é sempre, né?
– Porra, cara... Pára de ser desse jeito.
– Desse jeito como?
– Desse teu jeito, cara. Pára de ser escroto!
– Escroto?
– Não, eu também não sei explicar...
– Não sabe explicar o teu “escroto”?
– Não.
– Deve ser porque nós somos assim, diferentes...
– É... Talvez.
– Talvez?
– Talvez, sim. Talvez, graças a Deus.
– Ou graças a nós.
– De jeito nenhum!
– Como não? Graças a nós, sim!
– Não, não. Graças a mim e graças a você, que somos diferentes.
– Realmente...
– Melhor: graças a você e a mim, que não sabemos da vida um do outro.
– Graças a Deus!
– O quê?
– Que nós não sabemos um do outro.
– Talvez.
– Talvez?
– É. Talvez. Graças a Deus.
– Ou a nós.
– Graças a Deus.
– É... Graças!
– Qual?
– Não sei te explicar.
– Como assim não sabe?
– Não sei, cara. Não sei e pronto. Não sou obrigado a saber.
– E eu sou?!
– Mas é claro que é.
– Não, eu também não sou.
– É! É, sim!
– Não, não sou.
– É!
– Por quê?
– Como assim? Você ainda quer saber o porquê? Não tá na cara?
– Não.
– Como assim, cara? Tá na cara, sim. Bem na tua cara.
– Eu devo ser cego, então.
– Ou burro.
– Não, isso eu não sou.
– Inteligente é que não é.
– Se for pra ser inteligente como você, que sabe tudo sobre tudo, mas não sabe nada de nada...
– Como assim?
– Ah, você também não sabe? Então eu também não sei.
– Por que é que você tem que ser assim, hein?
– Assim como?
– Assim! Do jeito que você é.
– Deve ser porque eu sou eu.
– E eu sou eu, né?
– É. E você é você.
– É.
– E, graças a Deus, eu e você somos diferentes.
– Talvez.
– Talvez?
– Talvez, sim.
– Como assim? Não entendi.
– Você nunca entende.
– Por favor, me explica...
– Não quero.
– Você não acha que nós somos diferentes?
– Acho.
– E por que o teu “talvez”?
– Por causa do “graças a Deus”.
– E você acha que é graças a quem? Ao diabo?
– Só se ele for você.
– Eu não. Você, se for.
– Só se ele for eu ou você, porque Deus não tem nada com isso.
– A não ser que eu seja Deus.
– A não ser que você ou eu seja Deus!
– Mas você não é...
– Muito menos você. Você que não é mesmo.
– E você tá mais pra diabo.
– Eu não tô pra nada. Nem pra Virgem Maria.
– Mas pra Deus se incluiu.
– Não me incluí. Supus.
– Por quê?
– Pra dizer que ninguém tem nada a ver com o que eu ou você é.
– Ninguém?
– Só se outro alguém for eu ou você.
– Deus ou o diabo?
– Ou a Virgem Maria.
– E como é que você sabe?
– O quê?
– Que ninguém tem nada a ver com a gente?
– Eu não sei.
– Não?
– Não... Eu sinto.
– Deu pra ser sensitivo agora também?
– E você? Deu pra bancar o imbecil?
– Não. Não dei pra bancar, não.
– Porque imbecil é o que você é sempre, né?
– Porra, cara... Pára de ser desse jeito.
– Desse jeito como?
– Desse teu jeito, cara. Pára de ser escroto!
– Escroto?
– Não, eu também não sei explicar...
– Não sabe explicar o teu “escroto”?
– Não.
– Deve ser porque nós somos assim, diferentes...
– É... Talvez.
– Talvez?
– Talvez, sim. Talvez, graças a Deus.
– Ou graças a nós.
– De jeito nenhum!
– Como não? Graças a nós, sim!
– Não, não. Graças a mim e graças a você, que somos diferentes.
– Realmente...
– Melhor: graças a você e a mim, que não sabemos da vida um do outro.
– Graças a Deus!
– O quê?
– Que nós não sabemos um do outro.
– Talvez.
– Talvez?
– É. Talvez. Graças a Deus.
– Ou a nós.
– Graças a Deus.
– É... Graças!