Minhas lágrimas caem sobre as minhas mãos e eu não tenho ninguém. Só uma xícara de chá ou Coca-Cola, onde as bolhas explodem sem um porquê. Tenho medo de ser só. Tenho medo das paredes. Tenho medo do futuro, medo do azul. Tenho medo do que eu não sei. Tenho medo da minha insegurança.
E eu penso em você agora. Eu penso também no outro. Eu penso nas suas palavras, penso em todos. E também penso em todas as palavras que existem. Eu penso que nada existe – eu penso em mim, solto, perdido em algum lugar. Eu penso em mim, deitado sobre um batente, o pouco sol entre os arbustos de uma árvore, o céu meio nublado, meio chuvoso, o chão molhado. Eu penso também em não pensar, prendendo ar pelos pulmões, olhando fixamente pra um ponto.
Talvez Deus me ouvisse. Talvez eu pedisse socorro. Talvez eu quisesse você aqui, do meu lado. Talvez eu não quisesse ninguém.
Eu choro compulsivamente e meu colo está vazio. Eu me escondo no banheiro pra que ninguém veja. Sinto sede de alguma coisa. Não tenho sono, não tenho nada, só a mim. Tenho meus beijos no meu corpo, tenho minhas crises; tenho minhas lágrimas por nada, nem por ninguém.
Eu queria que o mundo morresse e que eu fosse junto – tenho vontade de morrer e tenho medo da morte. Eu queria tudo como um fim sem começo, como um nada, que é simplesmente nada e pronto: tudo um ponto – tudo como o que não é, mas que está lá, parado em algum lugar que não existe, porque nunca foi.
Sinto vontade de matar os filhos que eu não tive.
Sinto vontade de não sentir.
Sinto.
Morro.
Esse é o preço de agora. E parece que são essas as minhas lágrimas.