quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dondoca

Não posso pensar isso se o que eu quero é outra coisa. Meus paetês estão ofuscados. Tão ofuscados nessa luz boba. Eram dourados. E eu queria sair vestida de azul. Preciso de coragem pra pensar. Que depois de um sorriso bem dado o resto é besteira. Tecido aveludado. Tombante. E champanhe. Porque eu gosto das bolhas. Uísque é ruim. E cigarros sempre. Mesmo sabendo que este resto não é todo o resto. Mas tudo o que me resta depois. É como dobrar a esquina toda hora. A Babilônia não custa tempo. Custa outras coisas. Inclusive cada passo. Os mundos têm os seus direitos. E eu preciso exercer os dos nossos. Pra isso eu quero estar lá perto. É bom de vez em quando. Senão eu vou me sentir sozinha. Cada vez. Mas na verdade eu já estou me sentindo. Cada vez. Mais assim. Descontente. Decadente. Mas depois é depois. Ultrapassada. Quando eu voltar eu resolvo. Ou me entrevo ainda mais. Depois de ter passado inclusive por Montevidéu. Pela vontade de fugir. Pela vontade de comer. Como. Somem os traços. Beber. Emagreço. Bebo. Engordam as carnes. Não se vê mais magreza. Como se perdem as costelas. Conte pra mim e conte. Conte comigo. A Espanha fica aqui perto. E você me disse uma vez. E eu sei que você já quis. Não me deixe na mão. Quando a casa não tem mais sentido. E se perde o significado. O que a gente faz? Um copo de Coca-cola? Um rastro de cocaína? Uma espécie de estudo lo-fi de uma música antiga? Coisa a mais. Coisa mais sem sentido. E chata. A gente foi mesmo. Nós fomos. Nós viemos nos conduzindo pra chegar até aqui. Que grande. Que merda. Mas eu não quero mais. Eu quero. Outra coisa. Nem que seja a mesma. A coisa de antes de outra forma e outra vez. Mas me sentir assim. Obscura e suja. É coisa que eu não quero. Eu tô assim. Caralho. Eu tô cansada. E essa palavra é. Bem. Assim. Trivial. Mas eu também não quero ser soberba. Rivotril. Assim. Bem. Só uma alegria. Falsa. Um minutinho. Talvez. Seja isso. Rápido. Volátil. Fútil. Babaca. Por um instante. Eu sei. Que eu preciso me preocupar. Com tudo. O tempo todo com tudo. E isso que eu quero chamar de resto não é o resto. Isso não é o resto. Nova Iorque fica aqui do lado. Isso não é. E eu posso ir. Num passo e voltar. No outro ir. Num passo e voltar no outro. Versailles é linda. E tudo isso aqui. E eu só vi na fotografia. Perdi tanta oportunidade. Veja só. Quais os caminhos. Eu escolhi. Veja só quais os caminhos que eu. Escolhi o mundo. E ele entrevou as minhas costas. É por isso que eu estou assim. Pesada. Perdida. Emagrecida mas. Qual é o porquê de tanta leveza?

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