quinta-feira, 10 de outubro de 2013

FV

Seis assaltos. Nós presenciamos o sétimo e não pudemos fazer nada. Estávamos trancados do lado de dentro. O rapaz estendeu o braço pra dentro do estabelecimento e nós não pudemos fazer nada. O tio que estava com a chave do portão foi o primeiro a correr. E nós também corremos. Todos nós. Derrubamos cadeiras, viramos mesas, quebramos copos. E não socorremos o rapaz. Ficamos todos escondidos, agachados, pensando que levaríamos tiros ou que nos levariam tudo, todos os pertences. Eu pensei que eles tinham conseguido mesmo entrar. E que logo nós seríamos encontrados. E que logo nós seríamos também vítimas e não mais testemunhas. Depois, quando a gente viu que eles não tinham entrado e que na porta não tinha mais ninguém, nós voltamos aos nossos lugares e decidimos pagar a conta. Não sentamos. Estávamos nervosos. Quem teve coragem de olhar mais detalhadamente o momento em que tudo aconteceu, viu que realmente apontavam uma arma pro rapaz. Eram caras numa moto e tinha também um carro de porta aberta. E pronto. Depois disso e depois da nossa correria, nem sinal do rapaz e nem sinal dos assaltantes. Ou mesmo sequestradores. Nós não sabemos de nada. Saímos de lá em bando, morrendo de medo. Pegamos nossos ônibus querendo chegar logo em casa. E agora eu nem sei mais no que eu penso. Eu queria ter notícia dele.

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