(para Robson Levy)
Gosto das marcas na janela. Afinal nem tudo está tão próximo. Gosto do sonho quando há nele a capacidade de saber-se sonho. Gosto da realidade do acontecimento. De uma película transparente, mas suja. Onde não há fingimentos. Porque há na janela a transparência necessária de fazer conhecer o nascer do sol mais lindo que ele já viu. Mas as rachaduras acusam que ali, entre o céu e o conforto, existe um material palpável, uma estrutura crível, acrílica, suja. Que separa. O dentro do fora. O homem da nuvem. A aeromoça da turbina. É tudo tão real. Concreto. A palavra estampada no carpete, o saco de vomitar matérias, o embaço causado na janela pelo ar quente da boca. A poesia pode estar presente. Nos olhos de quem vê Deus parecer tão próximo de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário