terça-feira, 1 de outubro de 2013

Eu tenho quase certeza de que esse deve ter sido o nascer mais bonito que ele já viu na vida até agora

(para Robson Levy)


Gosto das marcas na janela. Afinal nem tudo está tão próximo. Gosto do sonho quando há nele a capacidade de saber-se sonho. Gosto da realidade do acontecimento. De uma película transparente, mas suja. Onde não há fingimentos. Porque há na janela a transparência necessária de fazer conhecer o nascer do sol mais lindo que ele já viu. Mas as rachaduras acusam que ali, entre o céu e o conforto, existe um material palpável, uma estrutura crível, acrílica, suja. Que separa. O dentro do fora. O homem da nuvem. A aeromoça da turbina. É tudo tão real. Concreto. A palavra estampada no carpete, o saco de vomitar matérias, o embaço causado na janela pelo ar quente da boca. A poesia pode estar presente. Nos olhos de quem vê Deus parecer tão próximo de nós.

Nenhum comentário:

Postar um comentário