(para Vitória Germano)
– Tu vai ser meu amigo?
– Como?!
– Se tu vai ser meu amigo... Quero saber.
– Quando?
– Não sei, daqui a uns dez anos. Se eu te ligar pra gente sair, sei lá, pra tomar alguma coisa, ir num barzinho... Passar a noite conversando...
– Que é que tem?
– Tu vai?
– Claro que eu vou. Mas que pergunta é essa?!
– Como?!
– Se tu vai ser meu amigo... Quero saber.
– Quando?
– Não sei, daqui a uns dez anos. Se eu te ligar pra gente sair, sei lá, pra tomar alguma coisa, ir num barzinho... Passar a noite conversando...
– Que é que tem?
– Tu vai?
– Claro que eu vou. Mas que pergunta é essa?!
– Não, é que eu queria saber... – e também eu queria ter essa certeza, só não perguntei. Talvez por medo da resposta, eu não sei. Não sei mesmo. Só sei que eu tenho segurança nas palavras. Eu tenho segurança e sinto medo quando elas me apontam a indiferença. Mas fiquei feliz, sim. Tão feliz pela pergunta que até perdi a vontade de saber o que estava por vir com o passar dos anos. Porque confiei naquelas palavras. Eu confiei como sempre confio, mas sem aquele pavor de quando a verdade tem gosto ruim. Confiei sem medo porque estava confiando em palavras simples, tão bonitas, calorosas, que não eram frias nem apáticas. Confiei porque não havia indiferença. E fui embora com aquelas de amor, guardadas comigo na superfície das minhas pupilas, onde fui tão feliz. Aqui nos meus olhos e aqui, tão dentro de mim.
