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– Isso! Isso, meu bem! Isso. Assim mesmo, desse jeito... Mas com mais sedução, entende? Tem que fazer jus. É uma sensualidade que deve ser nata, não pode ter essa cara de bicha desenxabida. Tem que ser algo arrebatador. Torturante, voluptuoso. Que dê tesão. E que não seja vulgar. Jamais! Tem que ter classe, meu amor, tem que ter classe. Ser classuda mesmo, de outro nível. Ser uma verdadeira madame. Cruzar as pernas, virar o pescoço, sorrir de canto de boca: isso tudo é necessário. E depois tem que ser feminina, né? Ter feminilidade. Acreditar na força que vem daqui, da vagina. Essas coisas todas. Mesmo que não tenha uma. Tem que ser mulher, meu amor. E de verdade.
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– Quer uma tragada?
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– Ela usava aquelas calças, sabe? Aquelas de cintura alta, de fundo grande. Usava terno e gravata, sapato de homem. Com direito a meias pretas, até. Meias pretas e suspensório! Mas era sempre muito feminina. Ou seja: pra parecer como aquela lá, só uma dama de porte, de pedigree. Tem que ser uma lady, meu amor. E não pode ter erro... Dizem até que ela era meio sapatão, sim. Mas e daí? Continua sendo um exemplo de mulher. Era meio máscula, meio fria, mas era, acima de tudo, uma mulher de verdade. É preciso ter muita boceta pra poder gostar de mulher. Da mesma maneira que você precisa ter muito daquilo pra gostar do que gosta. Você bem sabe, meu bem. E é por isso que você tem que ter uma voz meio grave. Sim, porque ela teve essa voz. E esse será o seu grande trunfo: conseguir ter voz grave, porém de mulher. Mas sem exagero. E saber dar seus agudos, claro. Isso a gente não pode tirar, meu bem, definitivamente. Afinal você tem que ser, além de atriz, uma excelente cantora. É o que eu digo sempre: pra ser uma Marlene Dietrich tem que ter talento de sobra. Sê-la é uma arte, não é só se vestir. Tem que cantar, dançar e ser uma ótima atriz.
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– E fumar! Fume. Fume muito, fume bastante. Fume desesperadamente. E beba bastante uísque. Isso sem se embriagar... Porque é muito chique. Yes! Whiskey and cigarettes! É como o jazz, meu amor: é transcendental. É coisa grã-fina, meu bem, de gente rica. Mas você chega lá. Chega lá, sim.
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– Você tem talento! E Marlene Dietrich, meu bem, é isso: é talento puro! Puríssimo.
Uma boa homenagem xD
ResponderExcluirHonório, eu li seu texto maravilhoso, muito visceral e verdadeiro. Estou muito impressionado com ele e até desencavei o Anjo Azul pra rever, porque me deu saudade da Marlene. Gostei demais.
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkk!
ResponderExcluirameiiiii...
nossa.
ResponderExcluiré seu o texto?
se sim, tem muito talento meu rapaz.
Parabéns.
espero que nos encontremos, partilhemos.
Muito bom!
ResponderExcluirquestão de berço.
ResponderExcluirQue Insano! AMEI! *-*
ResponderExcluirQuero ser Marlene!
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